domingo, 30 de outubro de 2016

Estados Unidos da América são Imperialistas? (Segunda Parte)

Nessa segunda parte tentarei colocar de forma resumida alguns tópicos da história geo-política dos EUA que os levaram a líder mundial. Mas antes disso, para entender a consequência dos fatos da história recente, vamos voltar aos eventos antecessores a reforma protestante e após os eventos e conflitos dela resultante num tratado chamado "Paz de Westfália" que configura a política e a diplomacia até os dias de hoje, onde todas as nações do mundo acabam que aderindo a esse tipo de diplomacia tipicamente ocidental. Por exemplo, conceitos de Estado e Soberania, respeito a fronteiras é algo tipicamente ocidental em contraste a anterior politica das nações orientais de clara intensão expansionista e imperialista

A configuração politico e social da Europa permaneceu por séculos necessariamente parecida após o colapso do Império Romano. As nações Bárbaras tendo problemas com fronteiras e uma falta de um árbitro a regular os constantes atritos militares entre eles .

Quando a nação dos Francos protege a cristandade ocidental e o Papa o Coroa por Direito Divino, o Império Franco realiza uma série de conquistas e se torna a nação mais poderosa da época na Europa e muitas nações se convertem ao catolicismo. O Império Franco sob a guia Espiritual do Papa, se torna o árbitro dos litigios tanto entre as nações, como nas searas mais simples como uma briga de vizinhos entre os párocos.

A agressão muçulmana se iniciava no oriente e Bizâncio pede ajuda ao Papa. É feita as Cruzadas e a defesa dos irmãos cristãos orientais e a reconquista das Terras Sagradas onde Jesus viveu e iniciou seu Ministério. É importante lembrar que as Cruzadas, ao contrário do que todo mundo hoje tende a pensar, não foram ações imperialistas, mas ações defensivas.(Historiadores marxistas adoram depreciar a tradição da igreja exibindo constantemente documentos sobre os abusos de guerra e aumentando a intensidade da crueldade, como se outras nações não fizessem pior. Fazem questão de esquecer que essa tradição militar de espólio era comum naquela época de quase mil anos atrás, os julgando nos parâmetros morais de hoje. Entretanto, você enxerga algum marxista lembrando e documentando todo o genocídio da Revolução Francesa que em alguns anos matou mais gente do que toda a Igreja em vários séculos? Lembram do genocídio feito pelas Revoluções na Russia e na China? Engraçado né). Os Império do Islã esse sim foi imperialista, invadindo todas as nações em nome de Deus, se acreditando libertadores e com planos de invadir a própria Europa pelos flancos continentais. Mas esse já é um tema para uma nova publicação.

O fato que a Igreja Católica conseguiu manter uma unidade entre as nações europeias que sofriam ameaças orientais, tanto que quase capitulou frente ao poder do Islã, o maior império que o undo já conheceu, frente a invasão dos Tártaros liderados por Gengis Khan, que apesar de ter um grande Império, só durou enquanto viveu.

Em outras palavras, a Igreja católica possuía muita tradição como árbitro secular e espiritual na Europa que passava por tantas dificuldades. Entretanto, a Igreja por ser feita por seres humanos normais corruptíveis e ser assediada pelo poder por príncipes e nobres europeus acabou num estado lamentável de decadência moral. Ela passou aliás por diversas crises institucionais como o Cativeiro de Avignon, onde o Papa e Santa Sé foram reféns na França, e a eleição dum segundo Papa pelo Sagrado Império Romano-Gêrmanico, protetor da Igreja e inimigo da França.A Igreja passou por uma situação econômica deprimente ao final de toda essa confusão, e com sua intenção de retornar a Roma, arrecadou donativos em toda a Europa e vendeu indulgências para alimentar o cofre da Santa Sé. A Igreja precisaria reformar a Cidade Santa e construir a Basílica de São Pedro e Mostrar ao mundo a volta dessa instituição do cativeiro. Foi nesse ambiente político que surge os reformadores, como Lutero. Excomungado da Igreja Católica, sua Doutrina oi acolhida e protegida pelos príncipes alemães do Norte do Sagrado Império contra os abusos e desmandos de Roma.
(Preciso lembrar que a Reforma protestante não foi uma simples ruptura doutrinaria e política com Roma, mas uma influência do ressurgimento da razão pagã greco-Romana  reformuladas em muitas filosofias cristãs que queriam "revolucionar" e renovar o Espírito da Igreja. Os reformadores queriam retornar a Igreja primitiva, usando como base hermenêutica a Letra das escrituras Sagradas e não mais a tradição da Igreja Católica herdada dos Pais da Igreja e se e perpetuada pelos seus sucessores que construiram pela tradição e experiencia com o mundo a "Palavra" do qual os protestantes usam para voltar. Os protestantes apegados a Letra consideram como revelação apenas aquilo que aconteceu no tempo dos pais da Igreja, enquanto os católicos acreditam que a revelação se fez no tempo presente no seu Corpo, a Igreja. Mas esse também é outro tema).

Com a Reforma, a invenção da imprensa e logo a propagação de novas idéias iluministas, o surgimento do Neo-paganismo, sendo Galileu um adepto e arrogantemente orgulhoso em defender suas ideias, não como um cientista, que de fato era, mas um bonachão dono da verdade como no estilo de Hume e Voltaire, a Igreja que antes era aberta a discussões, algo tradicionalmente feito nas Universidades Católicas!!! criadas por Carlos Magno se fechou a um espirito reacionário excedentemente sufocante, também pelo fato que esse tipo de insurreição espontânea de discordâncias a respeito de tudo colocaria a unidade e a paz em perigo, alias algo já perdido com as guerras empreendidas pelos católicos contra os protestantes alemães na famosa e violentíssima "Guerra dos Trinta anos(1618-1648).

Essa Guerra começou com católicos tentando destruir a heresia protestante em espírito de cruzada, mas acabou envolvendo outros países e até a Inglaterra, inclusive católicos contra católicos.A Natureza da Guerra dos Trinta Anos foi de resultados terríveis a população européia. Foi o primeiro grande genocídio desolador do qual os novos políticos que substituíam os velhos políticos, como o estadista Cardeal Richelieu, chegaram a conclusão que tal devaneio não poderia continuar. Foi estabelecida uma paz entre todas as nações envolvidas no conhecido tratado da Paz de Westfália de 1648.

Esse tratado que se tratava na paz das guerras religiosas acabou também por abordar muitos outros temas de soberania. Influenciados já pela filosofia iluminista e o próprio Maquiavel, a tempos as nações reivindicavam já um reconhecimento como Estado, ou seja, uma nação não é somente um povo num ponto geográfico, mas um Estado, uma entidade abstrata que lhe conferia um status e uma personalidade jurídica e diplomática. Que dentro de suas fronteiras um Estado soberano deve ser respeitado em sua cultura, suas tradições e suas leis e este respeitar os outros Estados.

Notamos aí que a Igreja Católica cede seu direito de árbitro sobre a Europa e confere esse Status num árbitro eleito pelo tratado, no caso a Inglaterra. Foi então diretriz do tratado que o equilíbrio entre os "Estados" com tensões latentes se daria por um equilíbrio militar e de poder. Se uma Estado ficasse em posição estrategicamente mais forte aos seus vizinhos, as outras nações fariam alianças para reequilibrar o poder e vice-versa. Todas as tensões previamente seriam consultadas por pelo arbítrio inglês.

o Fato é que com a Revolução francesa e posteriormente a louca campanha imperialista empreendida pela França napoleônica , a Europa conhece o caos. Napoleão invade as nações, mata a nobreza, diminui a Igreja, institui um sistema político republicano nos países dominadas e institui um código jurídico não mais baseado na tradição das nações, mas num códice civil escrito, inspirado nos ideais revolucionárias francesas. Napoleão Invade a Russia e lá acaba por começar a perder sua hegemonia até seu curto Império desmoronar.

Com a França dominada, as nações aliadas reificam o tradado de Westfália. A Russia propõe a  Inglaterra e aos demais países então arruinados como a Áustruia e a Prússia uma Santa Aliança, decidida no congresso de Viena em 1815,e um arbítrio quadruplo em 1848, porém desfeito em 1854 com a guerra da Criméia.

A essência da Guerra da Criméia está no próprio sentido em que a Russia se vê no mundo. Desde os tempos Imperiais,ela se via com uma missão Santa em levar a verdadeira Fé Ortodoxa e restaurar o Império Greco-Bizantino, incluindo Constantinopla, atual Istambul e a Palestina. Devido sua extensão territorial sempre foi temida no ocidente e sempre foi uma peça chave no equilíbrio do poder Europeu e até mesmo na derrota dos planos loucos de Napoleão. A Russia sempre esperou uma chance de tomar a Criméia dos turcos-Otomanos numa forma estratégica gradual de algum dia reconquistas Constantinopla. Porém como sabemos, o Império Otomano ainda era muito forte e temido, mas enfraquecido e decadente. A Russia calculou que seria um bom momento de realizar manobras militares.  O Império Otomano declarou guerra a Russia e a Inglaterra, Áustria e França, fizeram uma nova aliança contra o avanço Russo na região em apoio ao Império Otomano a fim de restabelecer o equilíbrio de poder. Com essa Guerra, o que sobrou do Sagrado Império Germânico acabou por perder a influência que tinha sobre os principados protestantes do Norte com a unificação alemã pela Prússia na guerra Austro-Prussiana de 1866.

Com o fim da Guerra, o clima entre as nações ficam mais tensas.  A Alemanha que antes eram pequenos principados confederados que  respondiam a Áustria agora era uma nação forte, expansionista e ameaçadora, ataca a França na Guerra Franco-Prussiana e lhes tomando Aláscia e Lorena o que deixa as nações em clima de tensão permanente. Ocorre a reunificação Italiana, a França e a Russia mastigando ressentimentos e o mundo já sem uma liderança definida, as nações bem armadas com tecnologia de ultima geração tudo pronto para desencadear a primeira Grande Guerra.

Não falarei muito sobre a Primeira Grande Guerra Mundial, mas o que resultou depois dela o que insere os EUA pela primeira vez no palco internacional. Durante a Guerra, o novo governo comunista russo se rende aos alemães, o que problematiza o equilíbrio da Guerra, o que leva os EUA a entrarem na Guerra ao lado dos Ententes contra os alemães e seus aliados. É importante lembrar que os EUA desde sua fundação não se mete em nenhum tipo de assunto Europeu, mas defende a América e todos os países com a Doutrina Monroe, América para os Americanos, reivindicando para o continente os preceitos de soberania Westfalianos.

Após o fim da Guerra, o Governo americano de Woodrow Wilson propõe uma noma aliança entre as nações, a Liga das Nações. Após ajudar os ententes a vencer a Guerra, ajudar a reconstruir seus aliados e formular uma nova aliança política, os EUA se retiram do palco Europeu deixando a cargo apenas dos europeus. O árbitro da Liga ainda continua a Inglaterra.

Como todos sabemos, estoura a Segunda Grande Guerra pelo delírio de todo um povo liderado por Hitler. O esforço da Segunda Guerra foi enorme e ao seu término, as nações européia decidem criar uma política de desarmamento, mantendo apenas exércitos pequenos pois pensam assim não criar uma nova tensão continental. É criada a Organização das nações Unidas, agora reunindo todas as nações do mundo, como propunha os EUA. É esse o momento o ponto crucial para entendermos o papel dos EUA no Mundo, no qual as nações velhas e Jovens surgidas da configuração pós-guerra elegem os EUA como árbitro Internacional, com um grande exército e líder contra o comunismo, que apesar de aliado na Guerra, é inimigo ideológico e persona non grata  no Ocidente.

É atraves da ONU os Estados Unidos vão tentar mostrar ao mundo sua forma de ver ao mundo como a melhor forma de viver. Sua democracia,  sua liberdade, seus valores e sua fé evangélica. Ajudam no processo de emancipação de quase todas as colônias européias desde a África, Ásia e oriente Médio. Propõe um plano de reconstrução mundial conhecido como o Plano Marshall.






(Continua...)


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