quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Niilismo

Tentarei aqui expor sobre o Niilismo duma forma analítica e acadêmica usando como referencia o pensamento de Nietzsche, e evitar os conceitos Teleológicos tanto da Fé Cristã como da própria filosofia Moderna, que como verão, será motivo de crítica. Continuarei a escrever em forma de ensaio e esboço.

Faz uns oito anos que li o livro "1990, A Grande Depressão" do economista americano de família indiana 'Ravi Batra', que me apresentou a pratica e a subjetividade do pensamento e a interpretação da mentalidade da Índia sobre o mundo de uma forma original do que nós do ocidente pensamos da Índia. Ao contrario das culturas abraãmicas(cristãos, judeus e muçulmanos) que possuem uma visão escatológica da história, ou seja, a história tem uma finalidade e um sentido a se cumprir progressivamente na evolução, essa mentalidade indiana e junto das diversas religiões da cepa hindu, acreditam no ciclo da existência, no ciclo das sociedades de ascendência e decadência, ruína, ressurgimento e ascendência, reiniciando o ciclo eternamente. Acreditam que o ciclo das Eras são determinadas pelo Estado psíquico que cada casta produz ao relacionar-se com as outras. Por exemplo, existe a Era dos intelectuais, a casta dos Burocratas, que acabam que teologizando duma forma tal a sociedade que ela acaba por tentar se libertar dando proeminência de uma outra casta, a dos comerciantes.Esses por sua vez frugalizam tanto as relações que faz ascender uma reação das castas trabalhadores em busca de um significado estável e material e para o social. Mas devido a tendencia a instintos baixos de uma classe que não possui uma liderança forte, acaba que caindo num regime cada vez mais totalitarista, dando a vez a proeminência a casta dos militares que prometem ordem e segurança, mas sufocam a sociedade em suas pretensões individuais. Surge novamente a classe dos intelectuais a afrouxar as relações sociais e assim por diante. A Ascendência e decadência se mescla na História das Eras no grau de conflito e degeneração moral quando um consenso social perde seus laços e a discórdia toma conta. A Grosso modo, a a estrutura é mais ou menos assim. É claro que a filosofia indiana é riquíssima, sendo eles um dos pioneiros descobridores da metafísica e das maravilhas da matemática.


Uma Breve Recapitulação Histórica

Um dos filósofos que inserem a visão cíclica da história no Ocidente é Nietzsche. Em sua tese do Eterno Retorno, não somente faz um tratado cosmológico, mas profundamente ético sobre o comportamento da história da humanidade.

Na história havia os fortes que dominavam a Terra. Não havia espaço para os fracos nas exigências árduas de sobrevivência num mundo hostil. Os que nasciam com problemas transgênicos geralmente eram mortos, e na fase madura, os de vida doente e os mais frágeis acabam por perecer. Assim como todos os outros animais, a natureza selecionou os mais fortes como citava Darwin e sua tese de seleção do mais apto a sobreviver. Não havia piedade para aqueles que não pudessem dar alguma de si para proteger o clã, mas valia o sentimento de coragem, determinação e força que curvavam as forças hostil da natureza e de outros clãs inimigos. Assim se fez o homem Paleolítico e Neolítico, principalmente nas fazes sazonais da natureza em que faltavam alimentos.

Devido a vida em comunidade e a tradição disso resultante o homem aprendeu a usar instrumentos e transmitiu essa tecnologia aos ascendentes que iam a aperfeiçoando na história. A comunidade começou a dividir do trabalho em especialidades, surgindo uma proto-hierarquia de comando e leis para estabelecer essa ordem. O mundo foi avançando até o desbocar da civilização Suméria, a primeira sociedade civilizada que se tem notícia confirmada. Essa civilização detentora de uma tecnologia avançada, instiga a pensar a origem e o porque das coisas, fato que caminha junto das descobertas mais complexas como a descoberta da fundição e da cerveja e dos tecidos e especiarias que conservavam alimentos e perfumavam o ambiente. Cria deuses pensando serem esses os patrocinadores da realidade, já que não tinham outra explicação diante a assustadora realidade que se revelava a cada dia mais ao homem a sua razão em ascensão.

A sociedade cria as primeiras Escolas da razão, formando Sacerdotes que sabiam interpretar vários segmentos do que fora descoberto. Os Astrólogos que sabiam entender as estrelas e saber entender os ciclos do clima e do tempo e a vontade dos deuses. Os Matemáticos que entendiam da engenharia de se construir diques, palácios e contas de probabilidade. Havia médicos que estudavam as doenças e as infindáveis ervas na aplicação da cura do desiquilíbrio das doençasE havia os guerreiros treinados em técnicas e estratégias de Guerra bem como o conhecimento de armas de ultima geração.Como podemos notar, castas surgiram e assim se deu possível as primeiras civilizações de organização Superior diante do resto de reino animal que vivia ao gosto e humor do que a natureza selvagem poderia oferecer.

É a partir do início da civilização que Rousseau entende "A Origem da desigualdade entre os Homens", pois quem cavava buraco, acabava sentindo inveja de quem olhava pra Estrelas, trabalhava muito menos e era recompensado muito mais por isso. Esse filósofo vai influenciar toda uma geração de outros filósofos que reivindicam a Igualdade, a Liberdade e a Fraternidade entre a sociedade. É a partir desse ponto que acredito Nietzsche iniciar o discurso da origem do Niilismo moderno.


O Niilismo


Tudo começa com o fim do governo dos fortes. Esses que suavam virilidade e poder na caça, na sedução das mulheres que preferiam os mais fortes, na Guerra, submetia as cepas humanas mais fracas aos caprichos da sua Lei como a morte ou a servidão. Entre os governantes e elites havia aquele brilho de se viver, aquele orgulho de si mesmo e aquela vontade que se manifestava em grande expectativa com a vida, e sempre na radicalidade dos seus sentimentos de Amor e Ódio. Ao dominar e escravizar não demonstravam piedade, reservado a esses a tediosa vida da mesmice rotineira, dos pensamentos  pequenos e sem grandes sonhos para não ser consumido pelo ódio e o rancor.

Mas é da pequenez dos servos que se iniciam as conspirações e revoluções diante a opressão. Muitas insurreições de escravos aconteceram, a maioria sem sucesso, sempre esmagadas com brutalidade e crueldade. Segundo Nietzsche, foi desse desejo estéril de vingança contra o forte, que surge a criação de deuses vingadores e justiceiros. Rituais e oferendas feitas a eles para pagar o preço de sua liberdade e a saciação do seu rancor se tornou algo tão popular que uniu as massas de uma tal forma a poder fazer frente de uma forma sistemática ao forte. Muitos fortes então se tornaram fracos ao poder dos "Novos" Sacerdotes dos "Novos" deuses, e alianças começaram a fazer para controlar o povo e manipula-los contra outras nações inimigos, Tal aliança requereu concessões dos poderosos, onde a voz uníssona dos fracos personalizada nos Sacerdotes negociavam Leis que limitavam o agir dos fortes entre o povo, e a liberdade do povo em ascender na hierarquia de poder e dominar outros mais fracos. Grupos, clubes, corporações foram formadas e iniciando-se já uma linguagem não mais pautada no poder do mando, mas na diplomacia, na formalidade e no protocolo.

É essa a forma que a nossa sociedade é  formada, e que Nietzsche vai dizer ser o início do Niilismo gerado em relações microfísicas de poder durante a história da humanidade destruindo e anulando a força vital do homem em viver sua liberdade enquanto forte, sempre dominado por uma cultura medíocre criada e inventada historicamente por uma ardilosa conspirações invejosa, rancorosa e disfarçada num manto de Justiça e bondade. Ele acusa principalmente os Cristãos por arruinarem o Espírito poderoso e viril dos romanos diante duma cultura de escravos que viam num deus que só oferecia vida após a morte aos que renunciassem toda a vontade de viver nesse mundo.

Nietszche também diz que a filosofia Neo-Clássica é algo tão deprimente quanto o cristianismo, pois além de defender as mesmas ideias igualitaristas e democráticas, nivelando a cultura social pela maioria que é absurdamente grosseira, estúpida e vulgar, os Nobres valores que ainda sobreviviam apenas de forma pequena e em nível artístico, acaba que pervertida pelo que há de pior.  A sociedade posterior, o Iluminismo, é a negação completa da alma e da subjetividade humana, uma filosofia que nem sequer sabe que surgiu das sombras, mas acredita ser a Luz da humanidade, o ápice da ciência, o materialismo que reduz o homem apenas a viver o luxo que a técnica pode oferecer, viver apenas os gozos sensoriais de forma primitiva como que apenas sobreviver das migalhas e pensando isso ser a forma ideal de se viver. Viver das aparências do que os outros querem que você viva e vice versa, o que o Estado quer que você viva, perdendo assim tudo o que restou da genuinidade de ser. A loucura desse tipo de aberração ganha seu ponto máximo no surgimento do marxismo, onde todo e qualquer resquício de alma é morto, onde o homem é um ser massificado e robotizado a diretrizes tecnocratas que não levam a nada, senão apenas um Espírito de rebanho.

(Aliás, pensar em uma forma objetiva em resolver as angustias criadas pela sociedade Niilista é apenas uma forma de trocar um problema pelo outro, pois o método da pergunta é puramente pautada na razão moderna de ciência e ética. Nada responde aos verdadeiros anseios do espírito aprisionados na fria e insensível luz da Razão. É daí que surge todas as loucuras, neuroses e psicoses. É daí que surgem a fonte rica das seitas de auto-ajuda vindas da Índia em dizer que para parar de sofrer basta não mais estar frustrado, mas se anular meditando e nada mais sentir. É a partir daí que surgem seitas evangélicas cada vez mais agressivas e 'animistas' libertando toda a agressividade latente, transformando Deus num idiota Papai rico que realiza todas as vontades do filhinho mimado e fraco)

Filósofos contemporâneos descobriram as deficiências da filosofia e vida moderna que qualifica o homem ao materialismo consumista e vazio, mas ao certo, não sabem propor nada no seu lugar, por esses estarem ainda presos as velhas diretrizes do "Politicamente Correto". Eu entendo por partes dos filósofos contemporâneos em jogar o mundo no relativismo, no pessimismo existencial, como Sarte por exemplo, é o que eles tentam dizer em recobrar a lucidez, que a vida não há sentido nesse teor racional Escatológico e niilista da tradição da modernidade.

O relativismo contemporâneo tem sim causado muita confusão social. A humanidade em geral em sua leiguice se perde em perder seu referencial. Se entende que não há mais valor nenhum e tudo vira caos. É o Niilismo propriamente dito e a decadência da sociedade. O relativismo é tido como razão, e hoje ninguém mais sabe se é homem ou mulher, bandido ou gente honesta. As autoridades estão totalmente a mercê do banditismo, protegidos por Leis "humanistas/racionalistas" se tornam mais eficazes quando o relativismo paradoxalmente afirma que bandido na verdade é um cara legal, levando o Poder constituído a um verdadeiro "Bondadismo" Niilista. Ninguém mais sabe agir com autoridade pois está preso ao que o mundo vai pensar, pois tudo é massificado a um espírito de rebanho. Entretanto, não há quem consultar porque ninguém sabe ao certo o que fazer atormentado por sua própria loucura. (Essa insegurança e caos em todos os níveis sociais é o que leva muitas vezes a um Estado Totalitarista que o mundo já experimentou)

O que Nietzsche falou então, entrando em sincronia com as Eras Vedantas, é que haverá uma decadência tal onde a sociedade se auto-consumirá com o tempo, e destruindo toda sua cultura consigo. Das cinzas, num tempo muito a frente, então uma nova sociedade surgirá, valendo a Lei do Forte, iniciando-se o ciclo novamente.

(O Pensamento de Nietzsche em sua crueza e força, geralmente é mal interpretado por mentes condicionadas na mesmice protocolar da nossa sociedade. Essas mesmas mentes acreditam que Nietzsche foi o precursor do nazismo. Não acredito nisso, apesar dos teóricos Esotéricos do Nazismo terem o o utilizado, graças a sua irmã, a filosofia dele, a aderir na filosofia Nazi sobre o destino de um povo, a Raça Ariana, a mais pura e forte, a dominar e destruir os fracos que contaminam a vida.

Nada mais contraditório ao que Nietzsche pensava e sentia. O Terceiro III por si só adorava o Clássico e o Neo-Clássico, que para Nietzsche, já era o declínio da filosofia aos primeiros sinais do Niilismo, sendo Sócrates e Platão, figuras enfadonhas da Democracia e Razão Ateniense, insuportáveis e dignos de pena do decadente e sem vida filosofia do Helenismo. )






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